quarta-feira, 14 de outubro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Humanismo 1


A Idade Média (476-1453) marcou uma série de mudanças na sociedade, algumas das quais sentimos ainda hoje seus impactos. Conhecido também como Idade das Trevas esse período histórico concretizou sistemas políticos e iniciou o processo que suscitou a efetivação das bases do capitalismo. Além disso a Idade Média foi marcada também pela construção de concepções ideológicas que serviram para introduzir o Homem no contexto social e filosófico da humanidade.

A Igreja Católica, além de possuir o domínio territorial em grande parte da Europa, tinha também o poder de estabelecer os critérios e os rumos para a pesquisa científica. Praticamente todo pensamento científico da Idade Média estava subordinado aos interesses da religião. Para solidificar sua ideologia religiosa a Igreja difundia a teoria teocêntrica, onde defendia que Deus seria a explicação para a origem e o destino dos seres humanos, por exemplo. O Homem estava submetido ao poder de Deus, enquanto este guiava o rumo de sua vida. Sempre colocado pela religião em segundo plano, o Homem era um agente passivo mediante o poder divino que concretizava alianças monárquicas e militares e incitava a caça aos hereges.

Todo esse poder exercido pela Igreja foi, ao longo dos anos, ganhando força, enquanto espalhava seus domínios pelo continente europeu. Entretanto, quando as bases do sistema feudal começavam a ruir, movimentos revoltosos de camponeses eclodiam em alguns pontos da Europa. Começariam a surgir questionamentos sobre o teocentrismo e o Homem passava então a pensar o mundo sob o ponto de vista Humanista.

A teoria Humanista veio surgir somente no início do século XIV quando o italiano Francesco Petrarca (1304-1374) colocou o homem como centro de toda ação e como agente principal no processo de mudanças sociais. Essa posição de alguns pensadores causou impactos na Igreja. No entanto o humanismo em nenhum momento renegou o catolicismo. Humanistas como Petrarca eram religiosos, porém não aceitavam apenas uma explicação como verdade plena.

O pensamento Humanista baseou-se no antropocentrismo. Se antes Deus e a Igreja guiavam o Homem e seus passos, agora o Homem, por si só, obedecia a reflexão mais aprofundada para discenir seus caminhos. O pensamento Humanista fez ressurgir na cultura européia a filosofia greco-romana. Não obstante o grande avanço do pensamento Humanista, este restringiu-se à filosofia e à literatura, não englobando outros setores como as artes plásticas, por exemplo.

Petrarca, como fundador do Humanismo, é figura central no processo de revolução do pensamento europeu que culminou com o movimento conhecido como Iluminismo. Foi ele o primeiro humanista do Renascimento.

humanismo


INTRODUÇÃO

Humanismo é o nome que se dá à produção escrita histórica literária do final da Idade Média e início da Moderna , ou seja , parte do século XV e início do XVI , mais precisamente , de 1434 a 1527 . Três atividades mais destacadas compôs esse período : a produção historiográfica de Fernão Lopes , a produção poética dos nobres , por isso dita Poesia Palaciana , e a atividade teatral de Gil Vicente .
CONTEXTO HISTÓRICO

No final do século XV , a Europa passava por grandes mudanças , provocadas por invenções como a bússola , pela expansão marítima que incrementou a indústria naval e o desenvolvimento do comércio com a substituição da economia de subsistência , levando a agricultura a se tornar mais intensiva e regular . Deu-se o crescimento urbano , especialmente das cidades portuárias , o florescimento de pequenas indústrias e todas as demais mudanças econômicas provenientes do Mercantilismo , inclusive o surgimento da burguesia .
Todas essas alterações foram agilizadas com o surgimento dos humanistas , estudiosos da cultura clássica antiga . Alguns eram ligados à Igreja ; outros , artistas ou historiadores , independentes ou protegidos pro mecenas. Esses estudiosos tiveram uma importância muito grande porque divulgaram , de forma mais sistemáticas , os novos conceitos , além de identificaram e valorizarem direitos dos cidadãos . Acabaram por situar o homem como senhor de seu próprio destino e elegeram-no como a razão de todo conhecimento , estabelecendo , para ele , um papel de destaque no processo universal e histórico .
Essas mudanças na consciência popular , aliadas ao fortalecimento da burguesia , graças à intensificação das atividades agrícolas , industriais e comerciais , foram , lenta e gradativamente , minando a estrutura e o espírito medievais .
Em Portugal , todas essas alterações se fizeram sentir , evidentemente , ainda que algumas pudessem chegar ali com menor força ou , talvez , difusas , sobretudo porque o impacto maior vivido pelos portugueses foi proporcionado pela Revolução de Avis ( 1383-1385 ), na qual D. João , mestre de Avis , foi ungido rei , após liderar o povo contra injunções de Castela .
Alguns fatores ligados a esse quadro histórico indicam sua influência no rumo que as manifestações artísticas tomaram em Portugal . São eles : as mudanças processadas no país pela Revolução de Avis ; os efeitos mercantilistas ; a conquista de Ceuta ( 1415 ) , fato que daria início a um século de expansionismo lusitano ; o envolvimento do homem comum com uma vida mais prática e menos lirismo cortês , morto em 1325 ; o interesse de novos nobres e reis por produções literárias diferentes do lirismo . Tudo isso explica a restrição do espaço para o exercício e a manifestação da imaginação poética , a marginalização da arte lírica e o fim do Trovadorismo . A partir daí , o ambiente se tornou mais propício à crônica e à prosa histórica , ao menos nas primeiras décadas do período .

CARACTERÍSTICAS

Culturalmente , a melhoria técnica da imprensa propiciou uma divulgação mais ampla e rápida do livro , democratizando um pouco o acesso a ele . O homem desse período passa a se interessar mais pelo saber , convivendo com a palavra escrita . Adquire novas idéias e outras culturas como a greco-latina .
Mas , sobretudo , o homem percebe-se capaz , importante e agente . Acreditando-se dotado de "livre arbítrio", isto é , capacidade de decisão sobre a própria vida , não mais determinada por Deus , afasta-se do teocentrismo , assumindo , lentamente , um comportamento baseado no antropocentrismo . Isto implica profundas transformações culturais . De uma postura religiosa e mística , o homem passa gradativamente a uma posição racionalista
O Humanismo funcionará como um período de transição entre duas posturas . Por isso , a arte da época é marcada pela convivência de elementos espiritualistas ( teocêntricos ) e terrenos ( antropocêntricos ) .
A historiografia , a poesia , a prosa doutrinária e o teatro apresentaram características específicas . ';

PROSA DOUTRINÁRIA
Com o aumento de interesse pela leitura , houve um significativo e rápido crescimento da cultura com o surgimento de bibliotecas e a intensificação de traduções de obras religiosas e profanas , além da atualização de escritos antigos . Esse envolvimento com o saber atingiu também a nobreza , a ponto de as crônicas históricas passarem a ser escritas pelos próprios reis , especialmente da dinastia de Avis , com os exemplos de D. João I , D.Duarte e D. Pedro .
Essa produção recebeu o nome de doutrinária , porque incluíam a atitude de transmitir ensinamentos sobre certas prática diárias , e sobre a vida . Alguns exemplos : Ensinança de bem cavalgar toda sela , em que se faz o elogio do esporte e da disciplina moral , e Leal Conselheiro , em que se estabelecem princípios de conduta moral para a nobreza m ambos de D. Duarte ; livro de Montaria ( D.João I ) sobre a caça ; e outros .

POESIA PALACIANA
Conforme já dito no capítulo relativo às crônicas históricas , o Mercantilismo e outros acontecimentos de âmbito português modificaram o gosto literário do público , diminuindo-o quanto à produção lírica , o que manteve a poesia enfraquecida durante um século ( mais ou menos de 1350 a 1450 ) . No entanto , em Portugal , graças à preferência do rei D.Afonso V ( 1438-1481) , abriu-se um espaço na corte lusitana para a prática lírica e poética . Assim , essa atividade literária sobreviveu em Portugal , ainda que num espaço restrito , e recebeu o nome de Poesia Palaciana , também identificada por quatrocentista.
Essa produção poética tem uma certa limitação quanto aos conteúdos , temas e visão de mundo , porque seus autores , nobres e fidalgos , abordavam apenas realidades palacianas , como assuntos de montaria , festas , comportamentos em palácios , modas , trajes e outras banalidades sem implicação histórica abrangente . O amor era tratado de forma mais sensual do que no Trovadorismo , sendo menos intensa a idealização da mulher . Também , neste gênero poético , ocorre a sátira .
Formalmente são superiores à poesia trovadoresca , seja pela extensão dos poemas graças à cultura dos autores , seja pelo grau de inspiração , seja pela musicalidade ou mesmo pela variedade do metro estes dois últimos recursos conferiam a cada poema a chance de possuírem ritmo próprio . Os versos continuavam a ser as redondilhas e era normal o uso do mote . A diferença mais significativa em relação às cantigas do Trovadorismo é que as poesias palacianas foram desligadas da música , ou seja , o texto poético passou a ser feito para a leitura e declamação , não mais para o canto .